Quinta, 21 de Agosto de 2025
Um estudo recente sobre câncer de colo de útero aponta que o diagnóstico tardio da doença eleva significativamente os custos para o Sistema Único de Saúde (SUS). Além de reduzir a sobrevida das pacientes, a descoberta do câncer em estágios avançados exige mais internações e procedimentos médicos.
A pesquisa, realizada pela MSD Brasil, destaca a importância da imunização contra o HPV, principal forma de prevenção do câncer de colo de útero. A vacina quadrivalente, disponível gratuitamente no SUS, protege contra os tipos do vírus mais associados ao câncer e é indicada para adolescentes de 9 a 14 anos.
O estudo analisou dados de 206.861 mulheres com mais de 18 anos, diagnosticadas com a doença entre 2014 e 2021, utilizando o DataSUS. Os resultados mostram que a necessidade de quimioterapia, a frequência de internações e as visitas ambulatoriais aumentam conforme o estágio do câncer no momento do diagnóstico.
Estágio do câncer no momento do diagnóstico | Necessidade de quimioterapia | Internações por mês | Visitas ambulatoriais por mês |
1 | 47,1% | 0,05 | 0,54 |
2 | 77% | 0,07 | 0,63 |
3 | 82,5% | 0,09 | 0,75 |
4 | 85% | 0,11 | 0,96 |
O estudo também aponta para disparidades sociais e econômicas, com até 80% das mortes ocorrendo em países de baixa e média renda, como o Brasil. A maioria dos diagnósticos no Brasil abrange mulheres não brancas, com baixa escolaridade e dependentes do SUS.
“Este estudo destaca o alto ônus econômico para o setor de saúde pública, especialmente considerando os atrasos no diagnóstico. Portanto, reforça a necessidade urgente de direcionar mais esforços para a prevenção e o rastreamento”, ressalta o estudo.
O levantamento também revela o impacto negativo da pandemia de Covid-19 no tratamento do câncer de colo do útero no SUS. Houve redução nos procedimentos de radioterapia e aumento na quimioterapia isolada, indicando lacunas no tratamento devido ao colapso hospitalar.
Os pesquisadores enfatizam que cerca de 99% dos casos de câncer de colo de útero estão ligados a infecções persistentes pelo HPV. A prevenção envolve vacinação contra o vírus, exames de rotina para rastreamento e tratamento de lesões pré-cancerígenas.
A vacina quadrivalente está disponível na rede pública para meninos e meninas de 9 a 14 anos, e para pessoas de 9 a 45 anos em condições específicas. A vacina nonavalente está disponível na rede privada para pessoas entre 9 e 45 anos.
“O ônus econômico e social do câncer de colo de útero no Brasil é significativo. Este estudo reitera o apelo urgente por políticas públicas assertivas para mitigar as disparidades, ampliando a cobertura da imunização anti-HPV e do rastreamento”, conclui o estudo.